A segunda pressuposição doutrinária defendida pela Teologia Relacional é que a concepção do teísmo clássico sobre Deus foi corrompida pela influência do neoplatonismo agostiniano e o verdadeiro conceito bíblico de Deus precisa ser resgatado. Esta insistência é geralmente elaborada da seguinte forma:
“A teologia cristã iniciou seu labor sistemático e filosófico sobre a liberdade com
Santo Agostinho. Egresso da escola neo-platônica e dos pensamentos do filósofo
grego Plotino, sabe-se que Santo Agostinho importou inúmeros conceitos dessas
duas escolas filosóficas.” 1
O articulista ainda continua dizendo que os reformadores retomaram o discurso
de Agostinho e por isto o protestantismo tornou-se caracterizado por um determinismo teológico que não reflete o pensamento bíblico e essa é a razão de tanta incoerência na prática religiosa e na espiritualidade pessoal contemporânea.
Mais adiante Gondim assevera: A teologia agostiniana, influenciada enormemente pelo neo-platonismo, só concebe Deus segundo os paradigmas gregos. Os conceitos de onipotência e
onisciência são definidos, não pelo relato das Escrituras, mas pela mitologia helênica.2
Não há razão para se negar a influência neoplatônica sobre a vida e a conversão de Agostinho e, mais tarde, até sobre sua teologia, pois esta influência parece ter sido até benéfica em sua luta contra os maniqueístas, especialmente na obtenção de um conceito da divindade em termos menos materialistas do que eles propunham. 3
Contudo, não se pode omitir o fato de que ao longo de sua vida, como teólogo, Agostinho buscou distanciar-se cada vez mais do neoplatonismo em prol de uma compreensão mais bíblica da realidade.
1e 2- GONDIM RODRIGUES, Ricardo. A liberdade. Disponível em: http://www.ricardogondim.
com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=61&sg=0&form_search=A%20liberdade&pg=2&id=1051. Acesso
em: 23 abr. 2007. O autor parece não estar ciente de que foi Plotino quem criou a escola neoplatônica,não se tratando, portanto, de duas escolas filosóficas distintas.
3- GONZÁLEZ, Justo L. The history of Christianity. New York : HarperSanFrancisco, 1995, vol. 1,p. 211.
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