Na ultima comentamos sobre
a conversão de santo Agostinho, após sua conversão abraçou a vida monástica e
foi batizado por Ambrósio na páscoa de 387. Ao retornar a Tagaste, após a morte
de Mônica (sua mãe) em Óstia, perto de Roma, começou a escrever contra o
maniqueísmo e formou uma comunidade contemplativa. Ao fazer uma visita a
Hipona, hoje na Argélia, foi ordenado sacerdote quase à força (391). Tornou-se
bispo coadjutor em 395 e no ano seguinte, bispo de Hipona, cargo que exerceu
até sua morte em 430.
A teologia de Agostinho foi
forjada e amadureceu no contexto de três grandes controvérsias em que se
envolveu, a começar da sua luta contra os maniqueístas. Estes eram seguidores
do profeta persa Mani (c. 216-276), que foi martirizado pelos romanos. Criam em
duas forças eternas e iguais, o bem e o mal, em luta perpétua. Como os
gnósticos, atribuíam o mal à matéria, criada pelo princípio do mal, e o bem ao
espírito, criado pelo Deus bom. A alma ou espírito do homem era uma centelha do
poder benigno que havia sido roubada pelas forças malignas e aprisionada na
matéria. Quando jovem, Agostinho se sentira atraído por essa filosofia
religiosa, que parecia explicar melhor que o cristianismo algumas das questões
mais importantes da existência. Mais tarde, decepcionou-se com o movimento,
principalmente após uma conversa com Fausto, seu filósofo mais importante.
Em sua principal obra
contra o maniqueísmo, Da natureza do bem (c. 405), Agostinho argumentou
que não é preciso admitir duas forças iguais e opostas no universo (dualismo)
para explicar o mal. Este não é uma natureza ou substância, mas a corrupção da
natureza boa criada por Deus ou uma privatio boni (ausência do bem). Ele
usou dois argumentos: metafísico (toda natureza criada é inferior a Deus e
passível de corrupção) e moral (o mal moral decorre do uso impróprio do
livre-arbítrio). Agostinho utilizou a
filosofia (no caso o neoplatonismo) contra o maniqueísmo, adaptando-a à fé
cristã.
A segunda grande
controvérsia de que Agostinho participou foi contra os donatistas. Esse cisma
na igreja católica do norte da África, que resultou na formação de uma poderosa
igreja rival.
Sem dúvida, a controvérsia
mais importante na qual se envolveu Agostinho, e aquela que trouxe consequências
mais profundas para sua teologia, foi a que ele manteve contra o pelagianismo.
Na próxima vamos ver como Agostinho
trata da questão do livre arbítrio do homem.
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