Pelágio era um monge
britânico que nasceu em meados do século 4°. Por volta de 405 ele foi para Roma
e depois seguiu para o norte de África, mas não chegou a se encontrar com
Agostinho. Foi então para a Palestina e escreveu dois livros sobre o pecado, o
livre-arbítrio e a graça: Da natureza e Do livre-arbítrio. Embora
criticado fortemente por Agostinho e seu amigo Jerônimo (420), comentarista
bíblico e tradutor da Vulgata Latina, ele foi inocentado por um sínodo
reunido na Palestina em 415. Todavia, foi condenado como herege pelo bispo de
Roma (417-418) e pelo Concílio de Éfeso (431). Pelágio era um cristão moralista
que achava que a crença numa tendência natural para o pecado era um desestímulo
para que os cristãos vivessem vidas virtuosas.
Pelágio foi acusado de três
heresias. Primeiro, negou o pecado original no sentido de culpa herdada, no que
era acompanhado por muitos cristãos orientais. Dizia que as pessoas pecam
porque nascem num mundo corrompido e são influenciadas pelos maus exemplos ao
seu redor, mas que elas não têm uma tendência natural para pecar. Se elas pecam
é porque decidem fazê-lo deliberadamente. Em segundo lugar, ele negou que a
graça sobrenatural de Deus seja essencial para a salvação. Tudo de que os
cristãos precisam é a iluminação dada pela Palavra de Deus e por sua própria
consciência. Finalmente, afirmou a possibilidade, pelo menos teórica, de se
viver uma vida sem pecado mediante o uso correto do livre-arbítrio. Todo ser
humano se encontra na situação de Adão antes da queda, podendo optar por viver
em perfeita obediência à lei de Deus.
Reagindo contra os ensinos
de Pelágio, Agostinho desenvolveu a sua própria soteriologia, (Doutrina ou estudo da salvação humana) que parte de
duas convicções centrais: a total
corrupção dos seres humanos após a queda e a absoluta soberania de Deus.
Suas principais obras antipelagianas foram: Do Espírito e da letra (412),
Da natureza e da graça (415), Da graça de Cristo e do pecado original
(418), Da graça e do livre arbítrio (427) e Da predestinação dos
santos (429). Ele também tratou dessas questões em outras obras, tais como
o Enchiridion (421) e A cidade de Deus (c. 413-427). Apelando a
ensinos do apóstolo Paulo, como Romanos 5.12-21, Agostinho afirmou que todos os
seres humanos, inclusive os filhos dos cristãos, nascem culpados e totalmente
corrompidos por causa do pecado de Adão e da natureza pecaminosa herdada dele,
estando sujeitos à condenação eterna. Eles fazem parte de uma “massa de
perdição”. Essa situação só é desfeita pelo batismo (o sacramento da
regeneração), pelo arrependimento e pela graça sacramental. A vida cristã
virtuosa é inteiramente uma obra da graça de Deus e de modo algum um produto do
esforço humano ou do livre-arbítrio, sem a graça capacitadora. Por causa da
corrupção herdada, o ser humano não tem liberdade para não pecar.
Bom fim de semana a todos !