sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Agostinho x Pelagio


Pelágio era um monge britânico que nasceu em meados do século 4°. Por volta de 405 ele foi para Roma e depois seguiu para o norte de África, mas não chegou a se encontrar com Agostinho. Foi então para a Palestina e escreveu dois livros sobre o pecado, o livre-arbítrio e a graça: Da natureza e Do livre-arbítrio. Embora criticado fortemente por Agostinho e seu amigo Jerônimo (420), comentarista bíblico e tradutor da Vulgata Latina, ele foi inocentado por um sínodo reunido na Palestina em 415. Todavia, foi condenado como herege pelo bispo de Roma (417-418) e pelo Concílio de Éfeso (431). Pelágio era um cristão moralista que achava que a crença numa tendência natural para o pecado era um desestímulo para que os cristãos vivessem vidas virtuosas.
Pelágio foi acusado de três heresias. Primeiro, negou o pecado original no sentido de culpa herdada, no que era acompanhado por muitos cristãos orientais. Dizia que as pessoas pecam porque nascem num mundo corrompido e são influenciadas pelos maus exemplos ao seu redor, mas que elas não têm uma tendência natural para pecar. Se elas pecam é porque decidem fazê-lo deliberadamente. Em segundo lugar, ele negou que a graça sobrenatural de Deus seja essencial para a salvação. Tudo de que os cristãos precisam é a iluminação dada pela Palavra de Deus e por sua própria consciência. Finalmente, afirmou a possibilidade, pelo menos teórica, de se viver uma vida sem pecado mediante o uso correto do livre-arbítrio. Todo ser humano se encontra na situação de Adão antes da queda, podendo optar por viver em perfeita obediência à lei de Deus.
Reagindo contra os ensinos de Pelágio, Agostinho desenvolveu a sua própria soteriologia, (Doutrina ou estudo da salvação humana) que parte de duas convicções centrais: a total corrupção dos seres humanos após a queda e a absoluta soberania de Deus. Suas principais obras antipelagianas foram: Do Espírito e da letra (412), Da natureza e da graça (415), Da graça de Cristo e do pecado original (418), Da graça e do livre arbítrio (427) e Da predestinação dos santos (429). Ele também tratou dessas questões em outras obras, tais como o Enchiridion (421) e A cidade de Deus (c. 413-427). Apelando a ensinos do apóstolo Paulo, como Romanos 5.12-21, Agostinho afirmou que todos os seres humanos, inclusive os filhos dos cristãos, nascem culpados e totalmente corrompidos por causa do pecado de Adão e da natureza pecaminosa herdada dele, estando sujeitos à condenação eterna. Eles fazem parte de uma “massa de perdição”. Essa situação só é desfeita pelo batismo (o sacramento da regeneração), pelo arrependimento e pela graça sacramental. A vida cristã virtuosa é inteiramente uma obra da graça de Deus e de modo algum um produto do esforço humano ou do livre-arbítrio, sem a graça capacitadora. Por causa da corrupção herdada, o ser humano não tem liberdade para não pecar.

Bom fim de semana a todos !

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Agostinho de Hipona parte 2


Na ultima comentamos sobre a conversão de santo Agostinho, após sua conversão abraçou a vida monástica e foi batizado por Ambrósio na páscoa de 387. Ao retornar a Tagaste, após a morte de Mônica (sua mãe) em Óstia, perto de Roma, começou a escrever contra o maniqueísmo e formou uma comunidade contemplativa. Ao fazer uma visita a Hipona, hoje na Argélia, foi ordenado sacerdote quase à força (391). Tornou-se bispo coadjutor em 395 e no ano seguinte, bispo de Hipona, cargo que exerceu até sua morte em 430.
A teologia de Agostinho foi forjada e amadureceu no contexto de três grandes controvérsias em que se envolveu, a começar da sua luta contra os maniqueístas. Estes eram seguidores do profeta persa Mani (c. 216-276), que foi martirizado pelos romanos. Criam em duas forças eternas e iguais, o bem e o mal, em luta perpétua. Como os gnósticos, atribuíam o mal à matéria, criada pelo princípio do mal, e o bem ao espírito, criado pelo Deus bom. A alma ou espírito do homem era uma centelha do poder benigno que havia sido roubada pelas forças malignas e aprisionada na matéria. Quando jovem, Agostinho se sentira atraído por essa filosofia religiosa, que parecia explicar melhor que o cristianismo algumas das questões mais importantes da existência. Mais tarde, decepcionou-se com o movimento, principalmente após uma conversa com Fausto, seu filósofo mais importante.
Em sua principal obra contra o maniqueísmo, Da natureza do bem (c. 405), Agostinho argumentou que não é preciso admitir duas forças iguais e opostas no universo (dualismo) para explicar o mal. Este não é uma natureza ou substância, mas a corrupção da natureza boa criada por Deus ou uma privatio boni (ausência do bem). Ele usou dois argumentos: metafísico (toda natureza criada é inferior a Deus e passível de corrupção) e moral (o mal moral decorre do uso impróprio do livre-arbítrio). Agostinho utilizou a filosofia (no caso o neoplatonismo) contra o maniqueísmo, adaptando-a à fé cristã.
A segunda grande controvérsia de que Agostinho participou foi contra os donatistas. Esse cisma na igreja católica do norte da África, que resultou na formação de uma poderosa igreja rival.
Sem dúvida, a controvérsia mais importante na qual se envolveu Agostinho, e aquela que trouxe consequências mais profundas para sua teologia, foi a que ele manteve contra o pelagianismo.
Na próxima vamos ver como Agostinho trata da questão do livre arbítrio do homem.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Agostinho de Hipona


Muitos afirmam que o cristianismo não seria o mesmo sem Paulo de Tarso, podemos também afirmar que ele não seria o mesmo hoje sem um dos grandes pensadores da igreja latina e um dos maiores teólogos de toda a historia Agostinho de Hipona.
Por causa da sua autobiografia, as Confissões, a vida de Agostinho é a mais conhecida dentre os pais da igreja. Ele nasceu em 354 em Tagaste, no norte da África, não longe da grande cidade de Cartago (na moderna Tunísia). Recebeu o nome de Aurelius Augustinus. Seu pai, Patrício, um funcionário público de classe média, era um pagão que só se converteu pouco antes de morrer em 372. Sua mãe, Mônica, era uma cristã piedosa de forte personalidade. O jovem estudou em sua cidade natal e depois em Madaura e Cartago. Destacou-se na retórica latina, mas não conseguiu dominar a língua grega. Embora fosse um catecúmeno desde a infância, tinha paixão pelo teatro e somente disciplinou a sua sexualidade através da união com uma concubina (372-385), que lhe deu um filho, Adeodato (†c.390). Desiludido com a Bíblia e fascinado pela filosofia através da leitura de uma obra do orador romano Cícero (Hortênsio), voltou-se para o maniqueísmo, uma seita gnóstica, e depois para o ceticismo. Tornou-se professor de retórica em Tagaste e Cartago, e foi então para Roma (383) e Milão (384), sendo logo seguido por sua mãe, interessada em seu progresso profissional e em seu retorno à igreja.
A conversão
Em Milão, Agostinho recebeu a influência da filosofia neoplatônica, que o convenceu da existência do Ser transcendente imaterial e lhe deu uma nova compreensão do problema do mal (corrupção ou ausência do bem). Impressionou-se com a eloqüência erudita e com a pregação alegórica do grande bispo Ambrósio (c. 339-397), considerado o maior orador sacro da antiga igreja latina. Sua peregrinação culminou em agosto de 386 com a célebre experiência do jardim, narrada com detalhes nas Confissões. Enquanto conversava com o amigo Alípio sobre a mensagem do apóstolo Paulo, Agostinho sentiu-se tomado de profunda emoção. Afastando-se, ouviu uma criança cantar repetidamente tolle lege (“toma e lê”). Abrindo ao acaso a carta aos Romanos, leu os versos 13 e 14 do capítulo 13, convertendo-se afinal.
Continuamos na próxima.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Estar em Cristo e estar livre


Foi para a liberdade que Cristo nos libertou !
Muitos não entendem o que isto quer dizer, e dizendo-se seguidores de Cristo criam um monte de normas e regras.. Doutrina de homens que nunca foi o desejo do salvador para nossas vidas.
Na epistola de Paulo aos Colossenses no capitulo dois, o apostolo alerta exatamente sobre isto, ‘Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo.’ Colossenses 2:20Porque tanta ordenança que Cristo não ordenou ? Simplesmente porque os religiosos gostam de criar normas para ter ‘aparência de piedade’.  À frente neste mesmo capitulo Paulo expressa, ‘não toqueis, não proves, não manuseie..’ podemos dizer que isto esta plenamente de acordo com muitas igrejas Cristãs de hoje.
Não estou dizendo que devamos viver uma vida de luxuria e devassidão como muitos que não conhecem o salvador, não é isto, antes devemos deixar a velha vida para viver uma vida nova em Cristo !
Se estamos nele, somos nova criatura e as coisas velha já passaram...2Cor.5:17.
A circuncisão (normas religiosas) não tem valor algum, e nem aqueles que recusam a religião (a incircuncisão),  mas o ser nova criatura em Cristo.  Gal 6:15.
Se estamos em Cristo, somos livres da Lei e das normas religiosas, porque a Lei e as normas religiosas somente mostram como somos fracos e falhos.
Assim entendemos que precisamos estar nele, deixar que Deus transforme nosso coração, estar em seu amor, ter seus frutos e contra estas coisas não há Lei e nem mandamento humano.


Abraços a todos.