quarta-feira, 21 de agosto de 2013

De libertate arbitrii parte 2.


Semana passada falamos sobre a vontade, que distingue o homem, esta vontade é livre somente quando pratica o que é reto.
No tratado de Anselmo  liberdade não é a mesma coisa que livre arbítrio, (e não é mesmo.!) No livre arbítrio eu decido pelo que é reto ou pelo que é nocivo, decido se vou pecar ou não...no entanto a liberdade esta condicionada a retidão, quanto mais eu decido praticar a retidão, mais sou livre.
Anselmo define que o poder de pecar não pertence à liberdade, e a vontade do homem é mais livre quando quer e pode não pecar. Sim parece um paradoxo, e de fato é.
Anselmo define que a liberdade esta condicionada a uma vontade reta, ora uma vez abandonada a retidão, como conservar aquilo que já não temos ?
Como podemos falar de liberdade em uma conduta que não e reta ?
Anselmo desvenda esta situação com uma analogia que e bem coerente.
Uma pessoa que tem uma vista sã tem o poder e o instrumento para ver algo, como uma montanha por exemplo.  No entanto caso faltasse luz, ou se alguém a impedisse de ver a montanha, esta pessoa não enxergaria, ela não teria condição para ver. Assim se faltasse o instrumento, o meio propicio ou a própria visão, ela estaria com o poder de enxergar prejudicado.
Assim a ausência de retidão, não torna a pessoa com menos liberdade, ela esta lá, somente esta sem condição de exercer esta liberdade,  ela esta prejudicada.
Nesta analogia a liberdade seria a visão, ela esta sempre presente no homem.
Ela e o poder enquanto instrumento, mas a liberdade enquanto uso (capacidade de enxergar)  depende do meio propicio ( a vontade reta). 
Com este exemplo, Anselmo procura demonstrar que todos os homens possuem a liberdade como instrumento dado por Deus (assim como a visão), mas nem todos possuem  o meio propicio (a vontade reta ) para viver a liberdade.
No tratado a liberdade do Arbítrio, fica o pensamento de Anselmo: abandonar a vontade reta (justiça) traz a servidão para o homem e a sua incapacidade de retornar a situação anterior. O pecado afeta diretamente a condição do homem.
Para a criatura racional, a liberdade apenas prevalece se for ordenada e tender para a justiça, fora da qual não há validade alguma, pois ela se torna ociosa. Apenas pela Graça a liberdade é consolidada, na liberdade do arbítrio, o termo liberdade foi considerado na sua dupla constituição como instrumento e capacidade de uso.


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