Semana passada falamos sobre a vontade,
que distingue o homem, esta vontade é livre somente quando pratica o que é
reto.
No tratado de Anselmo liberdade não é a mesma coisa que livre arbítrio,
(e não é mesmo.!) No livre arbítrio eu decido pelo que é reto ou pelo que é
nocivo, decido se vou pecar ou não...no entanto a liberdade esta condicionada a
retidão, quanto mais eu decido praticar a retidão, mais sou livre.
Anselmo define que o poder de pecar não
pertence à liberdade, e a vontade do homem é mais livre quando quer e pode não
pecar. Sim parece um paradoxo, e de fato é.
Anselmo define que a liberdade esta
condicionada a uma vontade reta, ora uma vez abandonada a retidão, como
conservar aquilo que já não temos ?
Como podemos falar de liberdade em uma
conduta que não e reta ?
Anselmo desvenda esta situação com uma
analogia que e bem coerente.
Uma pessoa que tem uma vista sã tem o
poder e o instrumento para ver algo, como uma montanha por exemplo. No entanto caso faltasse luz, ou se alguém a
impedisse de ver a montanha, esta pessoa não enxergaria, ela não teria condição
para ver. Assim se faltasse o instrumento, o meio propicio ou a própria visão,
ela estaria com o poder de enxergar prejudicado.
Assim a ausência de retidão, não torna
a pessoa com menos liberdade, ela esta lá, somente esta sem condição de exercer
esta liberdade, ela esta prejudicada.
Nesta analogia a liberdade seria a
visão, ela esta sempre presente no homem.
Ela e o poder enquanto instrumento, mas
a liberdade enquanto uso (capacidade de enxergar) depende do meio propicio ( a vontade reta).
Com este exemplo, Anselmo procura
demonstrar que todos os homens possuem a
liberdade como instrumento dado por Deus (assim como a visão), mas nem todos possuem o meio propicio (a vontade reta ) para viver
a liberdade.
No tratado a liberdade do Arbítrio,
fica o pensamento de Anselmo: abandonar a vontade reta (justiça) traz a
servidão para o homem e a sua incapacidade de retornar a situação anterior. O
pecado afeta diretamente a condição do homem.
Para a criatura racional, a liberdade
apenas prevalece se for ordenada e tender para a justiça, fora da qual não há
validade alguma, pois ela se torna ociosa. Apenas pela Graça a liberdade é
consolidada, na liberdade do arbítrio, o termo liberdade foi considerado na sua
dupla constituição como instrumento e capacidade de uso.