O Termo Teologia Relacional começou a ser empregado no Brasil pelo pastor e escritor Ricardo Gondin Rodrigues, já o Teísmo Aberto teria sido cunhado pelo adventista Richard Rice em 1979, alguns anos antes da Teologia Relacional começar a ter a sua divulgação no Brasil.
Rice publicou o livro “A abertura de Deus a Relação entre Presciência Divina e o Livre Arbítrio. (The Openness of God: The Relationship of Divine Foreknowledge and Human Free Will).
Este embrião da “nova visão” do teísmo foi sendo maturado, não afetando muito o pentecostalismo americano, até que em 1986 Clark Pinnock num ensaio denominado “Deus Limita seu Conhecimento” [God Limits His Knowledge] 1 começou a agitar o protestantismo naquele país, sendo que Clark Pinnock e John Sanders tornaram-se os principais teólogos defensores desse ensino, causando a divisão de uma denominação, produzindo intensas lutas internas em um seminário batista e se tornando alvo de constantes debates nas reuniões da Evangelical Theological Society, até que os membros desta ameaçaram expulsar do seu rol aqueles que defendessem tal ensinamento. 2 Para alguns sempre foi difícil estabelecer uma conexão entre o Teísmo Aberto americano e a Teologia Relacional brasileira.
Ricardo Gondim, inclusive, rejeita categoricamente esta conexão, pois segundo ele “Teísmo Aberto e Teologia Relacional não são a mesma coisa”.
Contudo, as afirmações seguras de Gondim não se confirmam quando se analisa a estrutura de pensamento das duas linhas teológicas.
Inclusive em uma citação Clark H. Pinnock (um dos principais defensores do Teísmo Aberto norte-americano) afirma: “Enquanto focalizando o assunto da onisciência divina, não percamos de vista fato de que nossa perspectiva nesse assunto é apenas uma faceta (e não a mais importante) de um modelo relacional mais amplo [grifo nosso], ou seja, o relacionamento divino-humano.”3
Vemos que assim como a Teologia Relacional, o Teísmo Aberto também enfatiza o relacionamento de Deus com o homem e que nossa visão da onisciência não e correta.
Na próxima postagem vamos falar de três primissas básicas da teologia relacional e seus pontos em comum com o Teísmo aberto.
1- Clark Pinnock já havia publicado outro ensaio em 1985, e é comentado essa introdução do Teísmo Aberto no evangelicalismo, nessa data, por A. B. Caneday, in: Glória Velada: a auto-revelação de Deus em forma humana - uma teologia bíblica da automanifestação antropomófica de Deus, editado em Teísmo Aberto : Uma Teologia Além dos Limites Bíblicos, São Paulo, editora Vida, 2006, p. 180
2 - Um resumo dos efeitos do Teísmo Aberto no evangelicalismo norte-americano pode ser encontrado no prefácio de John Piper à edição original de seu livro sobre o assunto. Cf. PIPER, TAYLOR e HELSETH, Teísmo aberto, p. 11-14.
3 - PINNOCK, There is room for us, p. 214.