quinta-feira, 31 de março de 2011

Teologia Relacional parte 2.

O Termo Teologia Relacional começou a ser empregado no Brasil pelo pastor e escritor Ricardo Gondin Rodrigues, já o Teísmo Aberto teria sido cunhado pelo adventista Richard Rice em 1979, alguns anos antes da Teologia Relacional começar a ter a sua divulgação no Brasil.
 Rice publicou o livro “A abertura de Deus a Relação entre Presciência Divina e o Livre Arbítrio. (The Openness of God: The Relationship of Divine Foreknowledge and Human Free Will).
Este embrião da “nova visão” do teísmo foi sendo maturado, não afetando muito o pentecostalismo americano, até que em 1986 Clark Pinnock num ensaio denominado “Deus Limita seu Conhecimento” [God Limits His Knowledge] 1 começou a agitar o protestantismo naquele país, sendo que Clark Pinnock e John Sanders tornaram-se os principais teólogos defensores desse ensino,  causando a divisão de uma denominação, produzindo intensas lutas internas em um seminário batista e se tornando alvo de constantes debates nas reuniões da Evangelical Theological Society, até que os membros desta ameaçaram expulsar do seu rol aqueles que defendessem tal ensinamento. 2 Para alguns sempre foi difícil estabelecer uma conexão entre o Teísmo Aberto americano e a Teologia Relacional brasileira.
Ricardo Gondim, inclusive, rejeita categoricamente esta conexão, pois segundo ele “Teísmo Aberto e Teologia Relacional não são a mesma coisa”.
Contudo, as afirmações seguras de Gondim não se confirmam quando se analisa a estrutura de pensamento das duas linhas teológicas.
Inclusive em uma citação Clark H. Pinnock (um dos principais defensores do Teísmo Aberto norte-americano) afirma: “Enquanto focalizando o assunto da onisciência divina, não percamos de vista fato de que nossa perspectiva nesse assunto é apenas uma faceta (e não a mais importante) de um modelo relacional mais amplo [grifo nosso], ou seja, o relacionamento divino-humano.”3
Vemos que assim como a Teologia Relacional, o Teísmo Aberto também  enfatiza o relacionamento de Deus com o homem e que nossa visão da onisciência não e correta.
Na próxima postagem vamos falar de três primissas básicas da teologia relacional e seus pontos em comum com o Teísmo aberto.
1- Clark Pinnock já havia publicado outro ensaio em 1985, e é comentado essa introdução do Teísmo Aberto no evangelicalismo, nessa data, por A. B. Caneday, in: Glória Velada: a auto-revelação de Deus em forma humana - uma teologia bíblica da automanifestação antropomófica de Deus, editado em Teísmo Aberto: Uma Teologia Além dos Limites Bíblicos, São Paulo, editora Vida, 2006, p. 180
2 - Um resumo dos efeitos do Teísmo Aberto no evangelicalismo norte-americano pode ser encontrado no prefácio de John Piper à edição original de seu livro sobre o assunto. Cf. PIPER, TAYLOR e HELSETH, Teísmo aberto, p. 11-14.

3 - PINNOCK, There is room for us, p. 214.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Teologia Relacional parte 1.

Muito tem se falado e discutido sobre esta “nova” teologia, defendida por um grupo de pensadores, inclusive um querido amigo, ministro do evangelho(termo mas apropriado que pastor ..) Nosso querido evangelista Ricardo Gondin, falo dessa forma porque já assisti inúmeras mensagens dele e trata-se de um excelente evangelista.
Ocorre, por conseguinte que ele trata em seu blog (link abaixo) sobre este tema e muito tem sofrido por expor um pensamento diferente da Teologia tradicional.
Embora Gondin considere criação sua este termo "Teologia Relacional", já havia sido cunhado antes em uma palestra por Clark Pinnock um dos expoentes do Open Theism ‘Teísmo aberto’. 1 (veja abaixo)
Fazendo uma síntese da TR  (Teologia Relacional ) vamos usar a abreviatura neste post.
Ela considera que por amor Deus abriu mão de parte de sua onisciência, para relacionar-se com o Homem, citando textualmente o blog de Gondin “A criação é da parte de Deus um ato não de expansão de si, mas de retirada, de renúncia. Deus e todas as criaturas são menos que Deus sozinho. Deus aceitou essa diminuição. Esvaziou de si uma parte do ser.”.
Sim e verdade concordo que em Cristo Deus esvaziou-se de si,  mas isso foi no verbo encarnado,  quando assumiu a forma humana.
Mas hoje ele é o leão da tribo de Judá, na linguagem figurada,  João viu seus pés como bronze polido e seus olhos como chama de fogo,  era simbolismo,  era sim,  mas o que simboliza isso?  Senão que tudo esta patente aos seus olhos.
Deus não precisa abrir mão de sua onisciência para relacionar-se conosco, na verdade ele sabe tudo,  porque esta fora do tempo,   se nosso amigo Gondin considerar a física, a de concluir que para o criador formar o universo, ele não teria como fazê-lo a não ser fora dele, e se esta fora do universo,  fisicamente esta fora do nosso espaço-tempo, como diria Albert Einstein.
E como conciliar seu amor, com nossa liberdade, e com as tragédias que ocorrem no mundo?   não tenho a pretensão de esgotar ou definir neste pequeno texto um assunto tão profundo, mas vamos tentar ao menos lançar uma pequena luz para um dilema tão complexo.
Bem, sabemos que ele nos ama, pois deu sua própria vida por nós,  a onisciência dele e a capacidade de saber antes, mas não de determinar tudo, muitas pessoas confudem este ponto, agora em relação às tragédias, vejo particularmente como conseqüência da administração desastrada que o homem faz na terra,  ele nos colocou como administradores da terra e estamos simplesmente depredando tudo com nossa tecnologia, assim a própria terra geme e aguarda a manifestação dos filhos de Deus... Conforme Romanos 8:20 a 22.
Conforme Isaias 45:18 Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro”.
Na próxima postagem vamos tratar dos pontos em comum da TR com o Teísmo Aberto, embora os expoentes da Teologia Relacional não concordem, ela tem muitos pontos em comum com o Teismo aberto.


(1) PINNOCK, Clark H. Relational theology among evangelicals. Palestra proferida à AAR em
22.11.2004. Disponível em: www.ctr4process.org/affiliations/ort/ORTPinnock.pdf

sexta-feira, 25 de março de 2011

Expiação e Sacrifício Vicário Parte 2

Vicário vem do latim vicarius e significa “o que faz às vezes de outro”,  ou “o que substitui outra coisa ou pessoa”.
No velho testamento temos somente um exemplo e uma citação direta da substituição de Cristo por nós na cruz,   a primeira passagem esta em Gen 22 quando Deus mostra a abraão um cordeiro, no momento em que ele estava para sacrificar Isaque, alguém tem duvida do primeiro exemplo de substituição (que Cristo efetuou plenamente) das escrituras.
A segunda esta no final do verso 5 de Is 53:4 e 5 “.....o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados ”
Quando se aborda o sofrimento e morte de Cristo, na maioria das vezes temos a preposição grega “Huper”,  (no nome ou em interesse de,  ou em lugar de)   mas também temos outra preposição usada  “Anti” que sempre significa ( em lugar de ).
Vemos esta preposição usada conforme Mt 20; 28  Mc 10:45 “o filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por “Huper” muitos."
Apesar de Huper ser usada “no nome de ou em interesse de” conforme Rm 5:8 “Cristo morreu por nos, sendo nos ainda pecadores” (em nosso nome ou interesse). 2 Cor. 5:21 “aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por “Huper” nos. (em beneficio de, ou em nome de).
Nos textos acima a palavra Huper pode ser usada nos dois sentidos, “em beneficio de , ou em lugar de”,  mas em outros textos ela só tem sentido quando traduzida como “em lugar de”.
Conforme 1 Cor: 15:3 “Cristo morreu por “Huper” nossos pecados  (neste texto só cabe “em lugar de nossos pecados”) segundo as escrituras”.
Estas preposições gregas demonstram nas escrituras que o sacrifício de Cristo foi vicário (substituto), “ele nos resgatou da maldição da lei fazendo-se maldição por nos..” (em nosso lugar)  conforme Gálatas 3:13.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Expiação e Sacrifício Vicário Pte 1

Falamos resumidamente no ultimo post sobre a doutrina da salvação (soteriologia),
Que esta completamente ligada a expiação e sacrifício vicário de Cristo.
Agora o que quer dizer expiação e vicário? 
Expiação vem do Hebraico kaphar que tem o sentido de cobrir, reconciliar, propiciar, purificar..
A primeira vez que aparece nas escrituras foi em Gen. 6:14 quando Deus mandou Noé
Betumar a arca por dentro e por fora,   algumas traduções dizem cobrir por dentro e por fora.
A segunda vez que esta palavra aparece é em Gen. 32:20 quando Jacó envia um presente para Esaú para “aplacar” a ira de seu irmão.
Esta palavra aparece muitas vezes em Êxodo , Levitico e Números, principalmente fazendo menção ao sacrifício que era efetuado pelo sacerdote.
No grego temos a palavra Hilasmos que é usada em 1 João 2:2 “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”
E também em 1 João 4:10 “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”
Outra palavra grega usada e Hilasterion usada em Romanos 3:25 “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus” e também em Hebreus 9:5 “E sobre a arca os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente”. Nesses dois textos, a palavra “propiciação” e “propiciatório” são ambas traduções da palavra grega hilasterion.
Redenção é outro elemento da expiação; a palavra “redimir” tem muito do mesmo sentido da palavra “libertar”, mas é mais específica porque apresenta o modo preciso de libertação.
O substantivo grego mais comum é apolutrosis, que aparece dez vezes no Novo Testamento, das quais os seguintes são exemplos: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (Efésios 1:7). “E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna” (Hebreus 9:15). A palavra “remissão” contém três idéias principais quanto ao que ocorre numa pessoa que é redimida. (1). A remissão é um pagamento de resgate. Esse é o significado raiz de algumas das palavras traduzidas “redimir” (1 Timóteo 2:6). (2). A remissão é um resgate (Tito 2:14; Gálatas 1:4). Na última passagem, a palavra traduzida “livrar” é em outros lugares traduzida “resgatar”. (3). A remissão é uma soltura. Essa idéia é inerente no significado raiz das palavras gregas lutron, lutroo, lutrosis.

domingo, 20 de março de 2011

Soteriologia - a Doutrina da Salvação


A soteriologia é o estudo da salvação humana. A palavra é formada a partir de dois termos gregos Σοτεριος [Soterios], que significa "salvação" e λογος [logos], que significa "palavra", ou "princípio".
Cada religião tem sua doutrina para a salvação, os espíritas acreditam que a salvação esta ligada as obras, afirmam que fora da caridade não há salvação.
As igrejas cristãs quase que em sua totalidade acreditam que a salvação esta somente em Cristo, entendemos que fora da Cruz não há salvação.
Em I Corintios 1:22 temos "Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.,Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria;,Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos."
A declaração de Pedro em Mt 16:16 "Tu es o Cristo o filho do Deus vivo.." este texto dito especialmente por um Israelita que esperava a vinda do Messias tem uma profundidade teológica tremenda e demonstra que a salvação esta em Cristo.uma das poucas exceções entre as igrejas cristãs e a católica romana,  que coloca a salvação nos sacramentos e não em Cristo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Formação do Ambiente Social e Político na Judéia parte 2

Os Fariseus eram representados por pessoas das classes media e baixa, acreditavam na tradição oral junto com a Torah, se opunham a qualquer poder político instalado e eram piedosos e formalistas, acretivam nos anjos e na ressurreição.
Os Saduceus faziam parte da aristocracia e alem do sacerdócio, detinham o poder político, acreditavam apenas na Torah e não aceitando a tradição oral, a existência de anjos e na ressurreição futura.
Havia ainda outros grupos alem dos Fariseus e Saduceus.
Os Doutores da Lei ou Escribas, eram ligados aos Fariseus, eram copistas que se tornaram “Teólogos” e interpretes da Lei.
Os Zelotas eram os revolucionários que incitavam a luta armada contra o exercito ocupante. Foram responsáveis pela revolta de 66 que culminou com a destruição do templo pelo general romano Tito.
Os Herodianos eram partidários de Herodes o Grande que governou diversos territórios da palestina sob a autoridade dos imperadores Romanos.
Religiosamente, fervilhavam pelo império muitas religiões e cultos pagãos, que gozavam de uma relativa liberdade de culto e de proselitismo. Na Palestina, o templo de Jerusalém concentrava as principais instituições judaicas. Era o centro religioso, o lugar de Deus, do sacerdócio, das festas nacionais; mas também onde as pessoas ligadas ao culto exerciam o poder político. Todo o varão judeu adulto pagava uma didracma por ano de imposto ao Templo. Isso transformava o Templo no centro econômico do povo de, Deus.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Formação do Ambiente Social e Político na Judéia parte 1

A formação do ambiente político Religioso na Judéia não se iniciou apenas com a invasão Romana por Pompeu em 63 AC.
Obviamente que este ambiente veio sendo formado bem antes, à época de Alexandre o grande, este durante a conquista da região, foi o responsável também pela construção do Templo de Samaria, aquele que é relatado em João capitulo quatro.
A helenização promovida por Alexandre foi fundamental para a expansão do evangelho, anos mais tarde pelos discípulos.
Conforme relata Josefo em a Historia dos Hebreus, após a morte de Alexandre os seus Generais mataram seus descendentes e dividiram o império.
Vamos ressaltar apenas que Ptolomeu ficou com o Egito e Seleuco com a Síria,  estes dois generais e seus descendentes brigaram por muitos anos pelo controle da palestina,
Após muitas batalhas, um dos últimos descendentes e um dos mais cruéis dominou a região: Antioco Epifanes, ele tentou helenizar os judeus a força, profanou o templo colocando uma imagem de uma porca, ele teria sido mencionado pelo profeta Daniel como o Abominável, ele foi um tipo do anticristo, que irá igualmente trazer uma abominação ao povo de Israel.
A reação dos judeus veio com o sacerdote Matatias e seus descendentes que se rebelaram,  e finalmente em 165 AC ele venceu antioco.
Os descendentes de Matatias continuaram sua luta ate que finalmente Roma dominou a região, foi nesta época também que surgiram os partidos dos Fariseus e dos Saduceus, especificamente na época de João Hircano, descendente de Mata tias.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Apocalíptica Judaica

Tipo de literatura judaica Cristã escrita no Egito e na Palestina durante o período de 200 AC a AD 100, Ela surgiu em um período critico da historia de Israel, quando não mais havia profetas e as palavras de Javé não era enviada para dar direção ao povo.
Assim a apocalíptica nasceu com o propósito de manter a unidade de Israel,   a esperança nas promessas de livramento e restauração em um momento de crise.
Esta literatura judaica possui características marcantes,  dentre as principais destaco três delas: 
Primeiro uma visão pessimista do mundo presente:
A degradação progressiva na historia do homem, a multiplicação da maldade e do pecado e a perdição de muitos, o livro do Jubileu, por exemplo,  fala sobre a incredulidade do povo e a corrupção crescente do gênero humano.
Segundo uma visão dualística da realidade:
O mundo dos apocalipses judaicos esta dominado por um reino espiritual mau,  cheio de demônios e espíritos do mal que são permitidos por Deus .

                                          apocaliptica judaica e a visão dualistica da realidade

Terceiro a expectativa messiânica:
A apocalíptica tem uma concepção geral de um messias guerreiro que já veio ou virá para conduzir triunfalmente a nação de Israel a uma posição gloriosa entre todos os povos.
O Apocalipse de Baruque por exemplo cita que o Messias começara a aparecer quando o tempo da consumação se aproximar, depois da tribulação na terra inteira.
O testamento dos 12 patriarcas menciona a intensa expectativa que muitos judeus tinham da chegada do messias durante os dias prósperos dos macabeus (100 a 50 AC) .
A literatura apocalíptica nos ajuda a entender o pensamento dos judeus a época de Jesus,   Israel estando sob o domínio Romano,   ansiava pela vinda de um Messias libertador que traria livramento,  esta expectativa alimentada por quase 300 anos de literatura ,  nos ajuda a entender em parte a rejeição de Cristo que não se enquadrava na descrição do Messias libertador e guerreiro da apocalíptica judaica.